24 de março de 2014
Produtores apostam em renovação

A chuva não atrapalha os planos dos produtores de café conilon do Estado do Espírito Santo e a produção deve superar os números de 2012. Com lavouras irrigadas e clima estável, nos últimos dois meses, os cafeicultores estão otimistas com a produção e os preços oferecidos pelo mercado. O resultado é o ânimo revigorado para apostas em renovação dos cafezais e melhora da produtividade. 

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O cafeicultor Edson Costalonga Filho produz café da variedade conilon, no município Fundão, localizado a poucos quilômetros de Vitória, capital do Estado. Em 2013, ele registrou perdas de até 50% na produção. Tudo que não poderia acontecer, aconteceu.

– Choveu na floração, teve perda de frutos; depois veio o veranico que atrapalhou a granação e a formação do grão. E mesmo tendo a irrigação, não se consegue controlar fenômenos assim – afirma Costalonga Filho.

Este ano tudo está caminhando para que a safra, que começa a ser colhida no próximo mês, seja uma das melhores que a propriedade já teve. O clima ajudou e o mercado voltou a dar fôlego para o produtor de café conilon. Muitos agricultores estão comercializando antecipadamente a produção por cerca de R$ 270 a saca de 60 quilos. O custo está na casa dos R$ 110.

– A safra passada iniciou com a saca valendo cerca de R$ 220. Este ano a safra, que vai começar, já está em R$ 260, R$ 270 e a perspectiva é de preços bem melhores, superando o mesmo período do ano passado – relata o agricultor.

A propriedade também vai ter um ganho por causa da renovação dos cafezais.  As lavouras antigas, com plantas de 20 anos, têm produtividade de 20 sacas por hectare em média. Já um cafezal de um ano e dez meses deve ter a primeira colheita daqui a um mês e o produtor está esperando cerca de quatro vezes mais, ou seja, quase 80 sacas por hectare.

– Essa renovação é necessária para a sobrevivência do produtor. Sem ela não é possível manter nem gerir a propriedade – conta Costalonga Filho.

De acordo com o pesquisador e coordenador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Romário Gava Ferrão, a propriedade de Costalonga Filho representa a situação de muitos outros produtores de conilon no Estado. 

A cada ano, o produtor vem renovando os cafezais, investindo na genética e em tecnologia de irrigação. Ele pegou a propriedade com 110 hectares, com plantas antigas. Hoje, cinco anos depois, já renovou cerca de 25 hectares. Antes a produção era de duas mil sacas de café e, nos próximos cinco anos, ele espera produzir seis mil sacas na mesma área. 

– Essa renovação vem acontecendo, no Estado, em uma média de 7% a 8%. O Estado possui cerca de 650 milhões de plantas; 50 milhões são renovadas anualmente – e quando isso acontece ele pode sair de uma produtividade média de 20 pra até 120 sacas por hectares – diz Ferrão.

O Espírito Santo hoje representa mais de 70% de todo o café conilon produzido no Brasil, movimentando mais de R$ 3 bilhões. A cultura é muito importante para o Estado, pois mantém cerca de 240 mil pessoas no campo.

– O conilon está presente em 60 mil das 100 mil propriedades do Estado; 30% da renda gerada no campo provem desta cultura do café – conta o secretário de Agricultura do Estado, Enio Bergoli.

Em 2012 a produção entrou para a história do Estado. Foram mais de 9,5 milhões de sacas. Em 2013, a estiagem atrapalhou os planos dos produtores e a produção caiu para 8,2 milhões de sacas. Para este ano, a estimativa, feita pela Secretaria de Agricultura do Estado, é que se chegue a 9,5 milhões de sacas de café conilon.

– As lavouras irrigadas não terão problema. Na região sul, onde não tem irrigação, vai haver sim uma perda, mas não representará muito, pois o volume da produção mais significativa é irrigado – declara Bergoli.

Em 20 anos, a área plantada com o conilon cresceu apenas 10%, chegando a 300 mil hectares. Já a produção quadruplicou.

– Podem até diminuir a área, porque temos estoque de conhecimento para conseguir verticalizara produção e produzir mais. Podem sair de 35 sacas por hectare – média do Estado – para 80 – afirma Bergoli